
Entidades e ativistas viajam em solidariedade à resistência camponesa e contra a violência no campo em Anapu (PA), no Lote 96

Foto Walter Chile
Uma delegação de ativistas de entidades e movimentos locais e nacionais, viajou na manhã desta quinta-feira, 26, rumo à Altamira, tendo como destino final a comunidade do Lote 96, em Anapu, sudoeste do Pará. Representantes da ADUFPA, CSP-Conlutas e ANDES-SN compõem a comitiva que participará de uma série de atividades contra a violência no campo e em solidariedade aos camponeses do Lote 96. Mantimentos, roupas, livros e outras doações recolhidas pelas entidades serão entregues em solidariedade à resistência dos agricultores.
Desde 2015, 16 trabalhadores rurais foram mortos no município de Anapu, segundo a Comissão Pastoral da Terra (CPT), no Pará. Em 2005, o assassinato da missionária estadunidense Dorothy Stang ganhou projeção nacional e internacional. Já em 2018, outra liderança religiosa, Padre Amaro, foi criminalizado e detido no presídio de Altamira. Em dezembro de 2019 ocorreram mais dois assassinatos, Márcio Rodrigues Reis, mototaxista ligado aos movimentos de luta pela terra e principal testemunha de defesa do Padre Amaro, e Paulo Anacleto, ex-vereador do PT e conselheiro tutelar do município, foram as vítimas de mais este triste episódio.
“Vivemos uma tensão cada vez maior, pois já tentaram matar meu marido três vezes. Temos quatro filhos, o mais novo com apenas quatro meses. Tudo que queremos é paz e que reconheçam o direito da comunidade permanecer em suas terras e continuar produzindo. É pedir demais?” lamentou Natalha Theófilo.
Erasmo Theófilo, marido da camponesa, pede o fim dos ataques e mortes. “Chega de assassinatos, de casas queimadas e de floresta derrubada. Não podemos permitir que a morte da irmã Dorothy Stang seja em vão. Exigimos a punição imediata de quem assassina trabalhadoras e trabalhadores para se apropriar de suas terras e derrubar a floresta”, desabafou.
Ivan Neves, diretor da ADUFPA, faz parte da delegação e cobra responsabilidade do governador Helder Barbalho (PMDB-PA). “O governo do Pará também é responsável por essa situação porque finge que não vê e que nada pode fazer”, afirmou.
Atnágoras Lopes, da executiva nacional da CSP-Conlutas, denuncia o governo federal e sua política destruidora contra a Amazônia e seus povos originários. “O governo Bolsonaro está estimulando grileiros a se apropriar de terras públicas, expulsando agricultores, quilombolas, indígenas e ribeirinhos. É o caso dos lotes 96 e 97. Estamos em caravana à região do Xingu com entidades nacionais e locais para denunciar para o Brasil e o mundo o que esse governo está fazendo com a Amazônia e seus povos”, declarou.
PROGRAMAÇÃO
- 27/08 – Manifestação em frente ao Fórum, entrega de alimentos para hospital público da cidade (Altamira-PA), partida para Anapu;
- 28/08 – Reunião com a presença dos movimentos, entidades e famílias do Lote 96;
- 29/08 – retorno à Belém (PA).