
Cine Resistência de junho exibirá curtas premiados em festival audiovisual da cultura da diversidade na América Latina
No próximo dia 03 de junho, a partir das 17h, o Cine Resistência exibirá os curtas “Como respirar fora d’água”, de Victória Negreiros e Júlia Fávero, e “Flor de Mururé”, dirigido por Marcos Corrêa e Priscila Duque, que foram reconhecidos com Coelho de Prata por melhor direção e menção honrosa, respectivamente, no Prêmio do Júri da Mostra Competitiva Brasil para Curtas-metragens, na 29ª edição do Festival Mix Brasil – Cultura da Diversidade, que aconteceu em São Paulo, em 2021.
O curta-metragem Como Respirar Fora d’Água, é fruto de Trabalho de Conclusão do Curso Superior do Audiovisual, do Departamento de Cinema, Rádio e Televisão da USP. A história apresenta os dilemas de Janaína, jovem negra que após sofrer uma violenta abordagem policial passa a ver com outros olhos a relação com seu pai, também policial militar. Em sua primeira conquista internacional, Como Respirar Fora d’Água também venceu o Prêmio Cinema Anima Latina, na categoria Melhor Direção. Dedicados ao curta-metragem latino-americano, o prêmio e o festival homônimo foram criados em colaboração com a Umbria Film Commission e têm patrocínio da Università per Stranieri di Perugia e pela Comune di Perugia, na Itália.
Já a obra paraense “Flor de Mururé”, reuniu artistas da cena cultural independente de Belém, donas de casa, travestis, crianças, mulheres e homens cis e trans, mostrando que a luta por uma sociedade menos violenta é uma bandeira que precisa ser levantada por todes. A narrativa apresenta um episódio ficcional de violência, tendo como protagonista Gabriela Luz, atriz e travesti, que realizou, com a gravação de “Flor de Mururé”, seu primeiro trabalho após a transição de gênero. A trama, permeada pelo afrofuturismo amazônico, mistura elementos documentais e ficcionais com pitadas de surrealidade. As gravações aconteceram em Icoaraci e Outeiro.
Porque junho é o Mês do Orgulho LGBTQIA+?
Marcado pela rebelião de Stonewall (Nova Iorque) que desencadeou diversas manifestações nos Estados Unidos e acabou se tornando o início da história de luta pelos direitos da comunidade LGBTQIA+ em diversos outros países, inclusive no Brasil, o mês de junho representa o momento social histórico de celebração do orgulho e da diversidade.
Nesse sentido, lamentavelmente, também é um mês importante para denunciar que as repressões arbitrárias e violentas realizadas por policiais aos gays frequentadores do bar Stonewall Inn, em 1969, não se encerraram naquele episódio. Elas continuam inseridas em nossas relações sociais e institucionais. Por isso, o mês se desdobra em discussões sociais, eventos e ações políticas, ao permitir a reflexão sobre os avanços obtidos desde 1969 e relembrar a necessária continuidade da luta pelos direitos da população LGBTQIA+ e pela diversidade.
O Brasil é palco da maior parada gay do mundo, que acontece anualmente em São Paulo (SP). Com a adesão do país ao Dia Internacional Contra a Homofobia, celebrado no dia 17 de junho e a partir da lei que criminaliza a homofobia em 2019, atrelada à Lei de Racismo (7716/89), que hoje prevê crimes de discriminação ou preconceito por “raça, cor, etnia, religião e procedência nacional”, sua prática contempla atos de “discriminação por orientação sexual e identidade de gênero”. Por isso, ainda que usado o termo de homofobia para definir essa lei, todas as outras pessoas LGBTQIA+ são contempladas. A luta já trouxe grandes avanços, porém há muito a se fazer ainda.
Cerca de 20 milhões de brasileiras e brasileiros (10% da população), se identificam como pessoas LGBTQIA+, de acordo com a Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT). Cerca de 92,5% dessas pessoas relataram o aumento da violência contra essa população, segundo pesquisa da organização de mídia Gênero e Número. Ainda segundo a pesquisa, esses dados estão atrelados à eleição de Bolsonaro, em 2018. De lá pra cá, 51% das pessoas LGBTQIA+ relataram ter sofrido algum tipo de violência motivada pela sua orientação sexual ou identidade de gênero. A pesquisa revela ainda que, em comparação com os Estados Unidos, por exemplo, as trans brasileiras correm um risco 12 vezes maior de sofrer morte violenta do que as estadunidenses. Esse é apenas um dos levantamentos que apontam o Brasil como o país que mais mata pessoas trans. O Relatório Mundial da Transgender Europe mostra que, de 325 assassinatos de transgêneros registrados em 71 países nos anos de 2016 e 2017, um total de 52% – ou 171 casos – ocorreram no Brasil.
Exibição dos curtas “Flor de Mururé” e “Como Respirar Fora D’água”
Data: 03/06 sexta-feira
Hora: 17h
Local: Casa do Professor – Rua dos Caripunas, 3459, Cremação
Entrada franca