
Ato de docentes negras e negros marca dia histórico no 41° Congresso do ANDES-SN
Texto lido no ato realizado nesta quinta-feira (09) pela representatividade negra no ANDES-SN, durante 41º CONGRESSO.
Uma das maneiras pela qual o racismo estrutural opera são as estratégias para a produção de imagens de controle nas quais a ausência de corpos e mentes negras e indígenas ensinam a naturalização de que apenas corpos brancos podem ocupar os espaços de poder. Silenciamentos discursivos são formas de produção e manutenção da subalternização dos não brancos. Corpos brancos protagonizando as cenas de poder é a cotidianeidade dos últimos cinco séculos. Discursos e/ou cenas nas quais outros corpos não se fazem presentes devem ser entendidas como racistas. Nominar práticas como racistas produz desconforto principalmente para aqueles que, a despeito das suas falas e publicações, acalentam a suavização da tensão racial brasileira por meio da mítica democracia racial e negação das violentas práticas de apagamento e descrédito de negras, negros e indígenas. Cuidar da pauta racial é tarefa e responsabilidade de todas, todos e todes intelectuais brasileiros que defendem a democracia, sobretudo aqueles que atuam na luta sindical. O antirracismo é condição de coerência. O dia 6 de fevereiro, primeiro dia do 41 Congresso do ANDES, o momento intencionalmente reservado para a análise da conjuntura foi marcado por ausências e silenciamentos étnico-raciais. Mesa branca, discurso brancocêntrico. Imageticamente a análise da conjuntura ensinou que negras, negros e indígenas não existem e não importam. A branquitude, protagonista do dia 06 de fevereiro, quer ensinar aos docentes das IES brasileiras que a realidade com seus fatos, fenômenos, processos e sujeitos que servem de referência para a luta sindical é branca. Reivindicamos o compromisso político de cada um dos coletivos que compõem o ANDES para compor chapas eleitorais consoante a representatividade do povo brasileiro: – 58% de negros, 38% de brancos e 4% de indígenas, segundo o IBGE. Uma estratégia de reparação e superação do racismo estrutural aqui explicitado.
Nenhum direito a menos!
Povo negro e indígena na Universidade!