
Juventude do campo e cidade impulsionam a luta por reforma agrária
Ampliar a participação dos jovens no cenário de resistência no campo foi um dos desafios da Caravana dos Movimentos Sociais e Sindical para os municípios de Altamira e Anapu, sudoeste do Pará, realizada entre os dias 26 e 29 de agosto. Na programação, representantes dos coletivos Pajeú e Rebeldia desenvolveram atividades para aprofundar as reflexões e a discussão sobre a organização da juventude da Comunidade Paraíso do Xingu, na luta pela reforma agrária.
A adolescente Giovana, de 12 anos, foi uma das organizadoras da peça teatral encenada durante o ato realizado em frente a Vara Agrária da cidade de Altamira. A jovem mora com a família no Lote 96 e desde criança ela reconhece a importância da luta dos pais pelo direito à terra. “Eu sempre morei na roça, meu pai trabalhava em fazenda de pessoas que tinham condição. A gente veio pra cá (Anapu) a procura de uma terra nossa. Mesmo no sufoco, andando a pé pra escola, sem internet, sem uma estrada boa, precisamos estar dentro do lote junto com eles que estão lutando para garantir um futuro pra gente. Nós vamos lutar junto com eles”, reafirma.
A mobilização em defesa do assentamento das famílias que hoje residem na área, foi impulsionada pela troca de experiências durante toda a permanência da Caravana na região. Esperanças foram renovadas e a força de liderança das mulheres da Comunidade Paraíso do Xingu, reforça o exemplo a ser seguido pela juventude camponesa. “Se eu tiver que sair daqui, vou lutar em outro lugar. Para onde eu for, a luta vai comigo”, afirmou Dona Cristina, moradora do Lote 96.
Na experiência dos jovens Pedro Alace, estudante de agronomia do IFPA e integrante do Movimento Rebeldia, e Deise Oliveira, estudante de Desenvolvimento Rural do INEAF, a consciência de luta dos jovens do campo reforça o protagonismo da juventude na sociedade. “O engajamento de todos durante as atividades, na militância e na troca de experiencias, mostra que essa juventude tem muito o que dizer. Houveram muitas falas que fortalecem a nossa luta e referência na sociedade”, enfatiza Pedro.
Como forma de registrar a atuação, luta e resistência das famílias camponesas dos Lotes 96 e 97, os jovens Rafael Aquime, estudante de História e Ian Lemos, graduado em História, ambos pela UFPA e integrantes do Coletivo Pajeú, realizaram entrevistas e o material gravado no local vai gerar um minidocumentário, em parceria com a ADUFPA. “As falas e as imagens sobre a realidade dessas pessoas trazem uma empatia maior e é de grande importância para publicizar e também para formar um arquivo sobre como essa luta existiu e sua importância”, explica.
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