
Resistência palestina contra o apartheid cria conexões antirracistas com movimentos de luta em Belém
A palavra apartheid está relacionada à segregação racial na África do Sul que perdurou por cinco décadas, defendida por uma minoria branca privilegiada. Os mesmos ideais supremacistas ressurgiram anos depois em Israel, obrigando milhares de palestinos abandonarem suas terras e suas casas. O apartheid israelense foi o tema do debate desta quinta-feira, 15, na Casa do Professor, reunindo representantes de movimentos sociais, docentes e poder público, com a presença da ativista italiana Maren Mantovani, Relações Públicas da Campanha contra o muro do apartheid.
O povo palestino vive em constante clima de medo, insegurança, restrições à liberdade, negação de direitos e violência extrema. Entre 2000 e 2017 mil palestinos foram mortos pelas forças israelitas. Entre as vítimas, 1.793 eram crianças. Desde o inicio das invasões, 2022 é considerado um dos anos mais letais, com registro de dois a três assassinatos diários de palestinos.
Em 2002, a situação se tornou mais perversa, com a construção do muro do apartheid, barreira que circunda as aldeias e cidades palestinas, rouba terras, água e recursos naturais do povo palestino. A ativista ressaltou que o conflito que ocorre no território palestino não é somente uma ocupação militar, como comumente é divulgado na grande mídia. Trata-se de um clima de desumanidade e apartheid, no qual o Brasil pós Bolsonaro tem um papel determinante.
“O apartheid praticado por Israel é uma luta global contra o racismo e o colonialismo. Fazemos o chamado ao Brasil, um país que apoia os povos indígenas e negros, que se junte a esse movimento de luta em defesa da Palestina”, enfatizou Maren.
Belém é uma cidade estratégica para a criação de conexões em solidariedade a resistência do povo palestino. A capital paraense assume um caráter diferenciado por reunir movimentos diversos de luta antirracista e questões que se assemelham com as atrocidades ocorridas no Oriente Médio, a exemplo da expansão do agronegócio e a invasão do territorial dos povos tradicionais.
“É uma grande satisfação sediar essa conversa, nós todos que somos pela Palestina livre, buscamos e lutamos por um mundo sem opressão e exploração, sem violência. Um mundo de fato marcado pela solidariedade de classe e autonomia entre os povos”, ressaltou a diretora geral da ADUFPA, Edivania Alves.